quinta-feira, 24 de maio de 2007

Como um bom vinho

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Pra quem se lembra, aos 22 veio a idade do "Por que?".
Agora, aos 23, eis que chega a idade do fim da adolescência.
Isso mesmo. Me parece que, aos 23, eu, pela primeira vez desde que consigo me lembrar com clareza, me olhei no espelho e não me vi mais adolescente.
Não vi as incertezas, os dramas, as ansiedades, o desconhecido, a formação diária da personalidade, o imediatismo.
Há traços novos, que ainda não decidi se devo chamar de "juventude" ou "vida adulta".
Há, em mim, um pouco de cada um desses pontos citados acima, mas eles já não aparecem no reflexo no espelho, nem estão mais num mesmo "pacote".

Aliada à mudança no segunda dígito está a notícia (excepcional!) da nova geração de Morais. Parece criança fazendo criança - e mesmo que a criança-mãe tenha seus 27, eu ainda vejo nela os 16 do cabelo anos 80, da mononucleose e do biquini asa delta.
Agora eu vou ser tia. Não importa se filha, neta, irmã, caçula (em todos os títulos anteriores), mas TIA. Que coisa de adulto é ser tia. É ser professora. É ser amiga de infância. É ser "imprensa".

Não há saudosismo nessas palavras. Ao contrário. Eu sou quem mais vê beleza na idade. Adoro as histórias, as palavras, os costumes, as mudanças. Eu curto dizer "quando eu era menina...", e "menina" já pra usar uma expressão bem idosa. Quantas vezes não ouvi "Tu já nascesse velha!" e sorri orgulhosa diante desse suposto xingamento? AdOro! Talvez porque adoro escutar as histórias dos outros, e quero saber, me imagino vivendo em outros tempos.

E digo: não queria nunca ser adolescente de novo. Oh, fasezinha infernal. Vestibular, "2h no máximo!", paixonites descabidas, biologia/química/física, mesada... péssimo. Agora, passou.

O que fica? Fica uma sensação de missão cumprida e uma curiosidade tremenda do que vai estar escrito no capítulo a seguir.

Mas... eu me propus a escrever aqui sobre o que passou. O que vem, já fora dessa ânsia adolescente, não quereria nem tentar adivinhar. Faz parte da recém-chegada maturidade a paciência.

E sobre o que ficou no hoje, no tão efêmero hoje, seria impossível escrever sem o distanciamento necessário. No entanto, claro que no recém-surgido perfeccionismo adulto não poderia faltar algo tão importante.
E eu só conheço um autor com sensibilidade suficiente pra traduzir esse momento pra mim:

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio [...]

Resta essa comunhão com os sons [...]

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido [...]

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos
Essa capacidade de rir à toa
Esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser [...]

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade,
Dentro dessa incapacidade de aceitá-la tal como é [...]

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha [...]


[Trechos do poema O Haver, extraído do livro "Jardim Noturno - Poemas Inéditos", 1993, de Vinicius de Moraes]

Eu diria, ainda, que resta todo o resto - no sentido lato da palavra, não de sobra, mas de remanescente.
E falta ainda mais: outras fases, outras idades, outras experiências a se somarem a este saldo - cada vez mais positivo.


[Tia] Rafa

domingo, 13 de maio de 2007

Journaliste du jour

Eu decidi qual vai ser meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
Eu sei, eu sei, ainda é cedo, muita coisa muda e blábláblá.
Mas vou fazer.
Se não fizer como TCC, farei em qualquer ponto quando tiver sobrando tempo.
Mas vou fazer.

A idéia é a seguinte (favor não plagiar):

* Um documentário. Sim, perigosa a escolha. Digo "perigosa" porque, em comunicação, já existe muita discussão em torno de se documentários constituiriam, ou não, jornalismo. Então, isso ainda daria margem para um estudo paralelo sobre o tema.

* 1a sequência - Fundo preto. Créditos iniciais (Rafaela Morais, curso, ano, etc.). No BG, toca "A Banda", de Chico Buarque. As informações duram apenas o tempo em que a música diz "Estava à toa na vida/ O meu amor me chamou/ Pra ver a banda passar/ Cantando coisas de amor".

* 2a. sequência - Aparece o título do documentário no fundo preto, palavra por palavra. No BG, que sobe, a música diz "A minha gente sofrida/ Despediu-se da dor/ Pra ver a banda passar/ Cantando coisas de amor". Enquanto isso, o espectador lê o título
"A música é o ópio do povo".

* A música segue alta no BG ["O homem sério que contava dinheiro parou/O faroleiro que contava vantagem parou/ A namorada que contava as estrelas parou/ Para ver, ouvir e dar passagem"] enquanto vamos assistindo a imagens intercaladas: em preto e branco, cenas duras das subcondições de vida na cidade do Recife; em cores, imagens de personagens semelhantes, porém nas festas mais tradicionais da cidade, como o carnaval e o São João, feriados, por definição, alegremente embalados por músicas.

* Segue-se a isso uma análise comparativa das frases "A religião é o ópio do povo", máxima repetida por Karl Marx, e a proposta "A música é o ópio do povo", sempre embaladas por trechos de músicas condizentes com o tema (como, em outro exemplo: "Nessas tortuosas trilhas/ A viola me redime/ Creia, ilustre cavalheiro/ Contra fel, moléstia, crime/ Use Dorival Caymmi/ Vá de Jackson do Pandeiro").

* Claro que deverá haver uma série de entrevistas, com psicólogos, sociólogos, cantores/compositores/letristas e pessoas de diferentes perfis.

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Pronto. Eu só tenho a idéia até aqui. Sorry se ficou curioso(a).
Mas eu me comprometi comigo mesma de, à medida que eu for visualizando o negócio, ir adicionando as novas informações nesse post.
Quem sabe, daqui pra lá, esse post num já vai ser meu roteiro?



Rafa

terça-feira, 1 de maio de 2007

O início.

23 anos atrás, eu lutei pelas "Diretas Já!".
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Sim, eu comecei cedo minha vida político-ideológico-filosófica.
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Rafa =)
[1984 - Na maternidade; primeiras horas de vida]