quinta-feira, 26 de abril de 2007

Não, brigada. Eu tô bem.

.
- Quer um bolinho, minha filha?
- Não, brigada, vó. Eu tô bem.

- Com licença... Vcs não preferem ir pra aquela outra mesa?
- Não, brigada, moço. Eu tô bem.

- Tem espaço. Dá pra tu vir mais pra cá...
- Não, brigada. Eu tô bem aqui.
.
- Né melhor falar no microfone não?
- Não, brigada, professor. Eu tô bem.
.
- Entra aqui embaixo da sombrinha, menina. Cabe.
- Não, brigada. Eu tô bem.

- Filezinho com queijo, linguiça toscana, frango com queijo?
- Não, brigada. Eu tô bem.

- Vai, lá, pô. Fala com ele!
- Não, brigada. Eu tô bem.

- Aceita uma água? Um cafezinho?
- Não, brigada. Eu tô bem.

- Quer que eu desligue o ar?
- Não, brigada. Eu tô bem.

--

JU-RO que não é chatice. Não é implicância, não é indiferença.
Ao ouvir essas palavras, acredite que eu, de fato, não estou incomodada, não faço questão que se mude nada ao meu redor.

Eu digo à Mama que nós fomos "adestradas" (eu e Renata) para dizer "não". Mas, na verdade, nessa educação que a gente recebeu, os pais foram além: Não só o "não" eh um reflexo (afinal, 'nunca incomodar os outros' foi a lição número 4, página 1, da apostila dos Peregrino de Morais), como a vontade em si de mudar qualquer coisa nesses momentos é inexistente. Não é dizer um "não" por educação e depois ficar pensando "aaai... devia ter dito que sim", é, de fato, internalizar o "não", como se não houvesse outra resposta possível.

Esses dias eu cheguei à conclusão que o meu tão-freqüente "Não, brigada. Eu tô bem." é muito mais que uma recusa discreta e, supostamente, educada; é um estilo de vida, com origens sociais e freudianas.



Rafa

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Faz um bem que ninguém me faz

.
Incomparável. Insuperável. Inenarrável!
.
.
.
.
Rafa

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Chico Buarque?

.
Não escreve.
Prescreve.

E não canta,
encanta.


'Sei que ele pode ser mil... mas não existe outro igual'


Vê-lo-ei, domingo!
Vou gritar "lindoooo!" e num quero nem saber!
Doida, doooida que ele reclame!!! =)



Rafacasariacomchicobuarquefacilfacil

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Escute o menino do violão!

.
"Chico Buarque é o jeito mais digno
de fazer música brasileira"

Toquinho, 1998.


É por essas e outras que eu sou fã dele também e irei para
o seu show com a mesma empolgação com que vou ao de Chico!
[Talvez, apenas, sem gritar "lindooo!"]


Rafa

domingo, 15 de abril de 2007

"Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás"

.
Para muitos, já é difícil seguir esta filosofia estabelecida por Guevara. É fácil gritar, fazer cara feia, punir. Difícil, para esses, é entender o que Che traduziu tão bem: sua ação, ou reação, pode ser tão rígida e eficaz quanto você pretender, mas é preciso passar isso aos outros com graça, sem agressividade, sem fazer mal aos outros e a você mesmo. Afinal, se a situação pede que você seja duro, já não deve ser algo que lhe agrada. Deixar a revolta tomar conta de você e sair sem filtros para atingir o seu alvo magoaria os outros e faria você se sentir ainda pior depois.

No entanto, Che não conheceu a internet. Escreveu cartas, sim, que usavam a mesma linguagem sem o fator visual. Mas, cartas, além do fato de serem um tanto mais formais, ou informativas, à época, não tinham o fator de "feedback" imediato que a internet traz.

Eu li um estudo, hoje, que dizia que, dos 14 aos 25 anos, os jovens interagem com amigos, via internet, por 12 vezes mais tempo que "cara-a-cara". Nós, que crescemos em meio às relacões virtuais, usamos a linguagem escrita, via instant messaging, para dizermos o que pensamos, naquele exato momento, sem, muitas vezes, perceber que aquilo que chegou no receptor (e ainda ficou documentado) não pôde ser traduzido em expressões, gestos, olhares, volume e entonação da voz. Para quem lê, são apenas símbolos carregados de valores semânticos pré-estabelecidos. E, no entanto, a compreensão de uma mensagem é influenciada por diversos elementos humanos.

Será que existiria um emoticon capaz de traduzir a ternura que Che nos ensinos ser fundamental?

Então, note: o problema se estendeu*. Para muitos, a própria idéia de "endurecer sem perder a ternura" já era complicada. Agora, eles precisarão achar um jeito de driblar a falta de meios para expor essa ternura, que eles nem sequer praticaram.

Mas essa é a sociedade da objetividade, do tempo curto, da informação rápida. Então, resolveremos essa questão de forma prática: mal-entendidos serão parte do convívio virtual e aos bonequinhos sorridentes daremos o super poder de desfazê-los.

Será possível que vamos tentar, agora, a 'ternura virtual', sem ter, ao menos, estabelecido o conceito no mundo 'físico'? Bem, eu não conheço ninguém capaz de ganhar uma corrida de Formula 1 no joguinho de Java que seja capaz de fazê-lo, também, em Mônaco.

É a inversão maior dos valores comportamentais. Talvez, se Che estivesse vivo, ele mesmo mudasse de idéia. Diria: "Hay que perder la ternura; y, endurecer, jamás". Imagine, agora: sem a ternura e sem lutar por suas convicções [até parece familiar, não?].

O próximo passo seria colocar seu computador na cadeira onde você está sentado e comprar uma CPU grande o suficiente pra você caber dentro dela.


Rafa


* Estender (prolongar, prorrogar) eh com s. Estranho, né? Pq "extensão" e "extensivo" são com x. Acho q escrevi isso errado minha vida toda (eu e as outras 12 pessoas com quem tentei tirar a dúvida)! Mas, no Aurélio, não existe a palavra extender.
http://200.225.157.123/dicaureliopos/home.asp

sábado, 14 de abril de 2007

"Quando as pessoas concordam comigo, sempre sinto que devo estar errado"

.
"Generally speaking,
the best people nowadays go into journalism,
the second best into business,
those rubbish into politics
and the shits into law"

[Pt: Falando de um modo geral, as melhores pessoas, hoje em dia, viram jornalistas, as segundas melhores viram empresárias, aqueles inúteis viram políticos e os merdas viram advogados]


Auberon Waugh

--

Muito preciso. Não sei o porquê, mas essa é minha opinião também.
No entanto, sinta-se livre pra discordar.


Rafa

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Politicamente saudável

O publicitário Washington Olivetto, diretor de criação e presidente da W/Brasil, responsável por algumas das propagandas mais marcantes da publicidade brasileira, resolveu 'doutrinar' sobre o que chamou de "politicamente saudável".

O "politicamente saudável" seria uma atitude que não incorreria na chatice do politicamente correto, nem na possível cafajestagem do incorreto.

Diz Olivetto: "A questão não está em fazer o politicamente correto, que é chato pra cacete. Nem o politicamente incorreto, que pode resvalar para a má educação. A questão é fazer o que eu chamo de "politicamente saudável" - que é aquilo, assim, bacana, inteligente, divertido, gostoso. Esse é o grande caminho."

--

Eu admito que tô com o tio Olivetto e não abro!

Mas será que eu posso escrever isso na minha prova de Ética amanhã?

Haja hipocrisia...


Rafa

Globalização? [leia-se: GLOBOlização!]

Trecho Carta Capital:

"[...] o culto a um ponto de foco do corpo feminino acabaria por gerar um símbolo nacional tão poderoso, quase insuperável. Ainda que o silicone em quantidades industriais esteja a levar outro ponto de foco - na verdade uma dupla - a uma disputa corpo a corpo em corações e mentes. Talvez a assimilação de uma preferência historicamente norte-americana.
Coisas da globalização."

--


Foi Sociologia da Comunicação demais pra um feriado só!


Rafa

domingo, 1 de abril de 2007

Ou ela, ou ela.

Esperava o momento certo
Esperto, dizia que logo voltava
Amava aquela hora do dia
Podia deixa-la em casa e sair
Fugir para a outra vida que levava.
Falava: “Não demoro, mas sem garantia”
Saía para a rua, clandestino.
Destino fez ela descer um dia
Agonia, pegou ele na hora certa
Boquiaberta: "Tenho que mandá-lo embora"
Chora, mas não há outra opção
Situação como essa é final
Mortal. Nunca pensou que podia
Um dia, sentir tanta tristeza nele
Ele suspirou e baixou a cabeça.
"Reconheça, não vai conseguir
Sair daqui com nós duas em sua vida"
Ferida, ainda ouve: “Mas era, já, a despedida”
Duvida, que piada que escuta!
Reluta e toma coragem
Bobagem seria acreditar
Sarar pra sofrer novamente.
Mente, como mente fácil
Ágil, mas dessa vez, ela viu
Sentiu a dor da confirmação
Concretização do pesadelo
Atropelo nas vidas dele e dela
Aquela que nem conhecia
Fazia dele um estranho
Rebanho desgarrado
Agoniado, não vivia sem ela
Dela que dependia
Euforia que ela causava
Cheirava ali mesmo na rua
Crua, e sua mãe já desconfiava
Bastava, agora bastava
A clínica o esperava.


Rafa