Não, brigada. Eu tô bem.
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- Quer um bolinho, minha filha?
- Não, brigada, vó. Eu tô bem.
- Com licença... Vcs não preferem ir pra aquela outra mesa?
- Não, brigada, moço. Eu tô bem.
- Vai, lá, pô. Fala com ele!
- Não, brigada. Eu tô bem.
- Aceita uma água? Um cafezinho?
- Não, brigada. Eu tô bem.
- Quer que eu desligue o ar?
- Não, brigada. Eu tô bem.
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JU-RO que não é chatice. Não é implicância, não é indiferença.
Ao ouvir essas palavras, acredite que eu, de fato, não estou incomodada, não faço questão que se mude nada ao meu redor.
Eu digo à Mama que nós fomos "adestradas" (eu e Renata) para dizer "não". Mas, na verdade, nessa educação que a gente recebeu, os pais foram além: Não só o "não" eh um reflexo (afinal, 'nunca incomodar os outros' foi a lição número 4, página 1, da apostila dos Peregrino de Morais), como a vontade em si de mudar qualquer coisa nesses momentos é inexistente. Não é dizer um "não" por educação e depois ficar pensando "aaai... devia ter dito que sim", é, de fato, internalizar o "não", como se não houvesse outra resposta possível.
Esses dias eu cheguei à conclusão que o meu tão-freqüente "Não, brigada. Eu tô bem." é muito mais que uma recusa discreta e, supostamente, educada; é um estilo de vida, com origens sociais e freudianas.
Rafa