singular pluralidade
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Me parece que na vida
Há quem pode tudo
Quem se queda comedida
E quem escraviza um escudo.
Me parece que no caminho
É preciso confiar
Até para andar sozinho
Ou para aprender a amar.
Me parece que no peito
Muito mais que batimento
Mora mais que satisfeito
Todo aquele atrevimento.
Me parece que a pele
Mais que isolamento
Permite que se revele
O perfeito acolhimento
Me parece que no olhar
Além da famosa alma
É preciso revelar
Tanta e toda calma.
Me parece que nas mãos
Movem-se consentimentos
E a cada toque que dão
Inutilizam depoimentos.
Me parece que da boca
Mais que pronunciamento
E ainda que rouca
Deve brotar entendimento.
Me parece que a mente
Não entende, mas consente
Enquanto protege do que teme
E treme.
Me parece que é o sentimento
E tantas vezes ferimento
Que guarda cada momento
Num lugar além do esquecimento.
Porque me parece que no fundo
Ninguém pode ter um só tormento
Quiçá um único alumbramento
Sem sentir um mundo.
Rafa
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