segunda-feira, 30 de março de 2009

Musicologia

As melhores descrições de mulheres, por elas mesmas ou não,
na minha playlist esses dias são:

1.
Toda mulher é meio Leila Diniz.

2.
Meu peito não é de silicone...
Sou mais macho que muito homem.

3.

She's the kind of girl you want so much
it makes you sorry...
Still you don't regret a single day.

[Ela é o tipo de menina que você quer tanto
que te faz lamentar...
Ainda assim, vc não se arrepende nenhum dia]


4.
Suele ser violenta y tierna
no habla de uniones eternas,
mas se entrega cual si hubiera
sólo un día para amar.

5.
Cecilia busca amores imposibles,
por eso fue posible nuestro amor
Cecilia, tan altiva y tan sensible,
tan diva y tan de nadie como yo.

6.
Ai, como essa moça é distraída
Sabe lá se está vestida
ou se dorme transparente
Ela sabe muito bem que quando adormece
está roubando o sono de outra gente.

7.

She never mentions the word addiction
in certain companies
She'll tell you she's an orphan
after you meet her family

[Ela nunca menciona a palavra vício
com certas companhias
Ela te dirá que é orfã
depois que vc conhecer a família dela]


8.

Y aunque sé
que no era la más guapa del mundo
Juro que era
más guapa que cualquiera.

9.
She doesn't care
whether or not he's an island.
She doesn't care,
just as long as his ship's coming in.

[Ela não se importa
se ele é ou não uma ilha.
Ela não se importa,
contanto que o navio dele esteja entrando]


10.
I've got 3 cupboards for my shoes
And a mirror that always tells the truth
I've got clothes in case it's hot, clothes for when it's cold
But still I don't know what to wear, what to wear tonight.

[Eu tenho 3 armários para os meus sapatos
E um espelho que sempre diz a verdade
Eu tenho roupas para caso esteja quente, roupas para quando faz frio
Ainda assim eu não sei o que vestir, o que vestir esta noite]



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Rafa

segunda-feira, 16 de março de 2009

E agora, José?

.
Era só o que faltava, José, para mostrar ao mundo que estavas errado, tremendamente errado! Não bastasse o óbvio, o clamor de todos os pernambucanos, recebeste, José, um bem aplicado puxão de orelhas!

Atropelastes a razão, a lógica, o bom senso e a confiança que deveria surgir entre os membros da igreja e seu administrador. Fizeste o que ninguém “antes na história” (como é bom entregar as pessoas às feras...) fez: levantar o estandarte da verdade, da pureza, da inocência e só Deus sabe mais o que, para invocar a ordem divina de excomungar, quase que urbi et orbi, as pessoas que defenderam o direito à vida de uma criança de nove anos (José, lembras de quando tinhas nove anos?), atirando sua metralhadora 360 graus, atingindo a mãe, os médicos e quem mais estivesse solidário neste ato de compaixão.

Compaixão, José, uma palavra que tu não conheceste. E se conheceste, com certeza esqueceste!

A tua história, José, é permeada de tristeza. A igreja que dizes representar não é a Igreja que conheci. Os teus valores não são os valores da verdadeira Igreja, a Igreja do Dom, ele sim, o Dom da verdade e da misericórdia. O Dom da participação, da doação, do amor ao próximo. Coisas que não aprendeste, José, e que não são do teu feitio. Mais importante para ti, José, é cultivar o ódio, a perseguição, relembrando a gloriosa (para ti!) inquisição!

Só Deus sabe (o Deus de todos, José, não o teu Deus vingativo e cruel) o que fizeste de mal a essa terra pernambucana onde esteve por longos anos o Dom (aí, José, vem a diferença: quando se fala no Dom não é o José, mas sim o Helder), aquele que a grande maioria da população do Recife chama “o Dom”! E só tem ele esse respeito!

Chegaste imposto, goela adentro, empurraste o Dom para o ostracismo (tentaste, que desastre!), pensando que as tuas ovelhas pastariam calmas e acomodadas sob o teu bastão de pastor. Mas quem diria: tuas ovelhas, que não eram tuas, triste ilusão, reprimidas, sufocadas, ameaçaram uivar como lobos em protesto por tamanha repressão.

E agora, José? Chegaste com todo o gás, expulsaste padres que eram amados pela comunidade, fizeste outros padres se ajoelhar aos teus pés e pedir perdão (só Deus sabe por que perdão) e culminas tua carreira com uma violência sem par, com a truculência da excomunhão de todos que participaram do ato honesto, sério, responsável, de salvar a pobre garota de nove anos.

E aí, José, por mais que digas que és o representante da Igreja, portanto o representante de Deus, vem a pergunta que não quer calar: representante de que igreja, representante de que Deus? O teu Deus será tão rancoroso quanto és? O teu Deus é tão vingativo e cruel como és?

José, leias o que escreveu hoje o Cardeal Fisichela sobre a tenebrosa ação que tomaste ao excomungar a mãe e os médicos que salvaram a vida de uma criança. José, por que não excomungaste o estuprador? Onde encontraste na história esta máxima de que “ao estuprador tudo, a estuprada a sorte”?

José, é hora de se recolher. Os anos passaram, séculos passaram, já não ardem mais as brasas da inquisição, por mais que gostes. Completaste o teu ciclo de perseguição e de ódio. As ovelhas da igreja que dizes representar estão perplexas, atônitas, em breve estarão uivando de horror, quando deveriam estar balindo de alegria. E José, terás o terror de ver suas ovelhas a uivar, em protesto ao pastor que não consegue nem se sustentar no seu cajado!

E agora, José? O que diria o poeta autor desta frase? A vida caminha José, mas a tua história deveria ser esquecida, deveríamos voltar no tempo e receber o consolo moral, ético e religioso do Dom, o verdadeiro Dom, aquele que varreste da tua arquidiocese!

José, pára José! Já não basta o que fizeste até hoje? Teus padres que foram expulsos, ultrajados, humilhados perante seus fies, varreste tudo que havia de progressista na igreja de Pernambuco!

Tuas ovelhas se sentem violentadas, estupradas (sim, José, aquilo que perdoaste ao estuprador...) e desterradas sob a tua “administração”. Tua igreja não é a Igreja que as ovelhas querem.

Vai, José. Recolhe os teus restos, o que entendes por honra, por migalhas de sobriedade e honradez que talvez encontres pelo chão, afinal recebestes muitos convidados no teu palácio, e segues no caminho do desaparecimento.

Recua, José, recolhe-te!

Vá de retro, José!

Descansa em paz!


Em Tempo:

José:

Tenho uma série de títulos no meu currículo que me fazem hoje um homem realizado, mas gostaria enormemente de ter também o título de excomungado por ti! Isso seria talvez a minha maior glória, o meu maior orgulho! Vindo de ti, é pura honraria!


Wladimir Morais
Engenheiro, consultor
Batizado, crismado, decepcionado.

Como fundar a ética hoje?



O professor e escritor Leonardo Boff, em seu artigo “Como fundar a ética hoje”, reconstrói o conceito de ética que conhecemos. Para o autor, a ética estaria baseada na paixão – e não na razão, como aprendemos – traduzida na conjugação da ternura com o vigor. Ele apresenta os papéis de cada um dos termos: a ternura significa o amor ao outro, o cuidado com as pessoas queridas; o vigor seria a contenção sem intolerância. Só com a interação equilibrada destes dois elementos as contradições humanas estariam unidas e se fortaleceriam.
O escritor alerta que, sem margens, a paixão pode ser avassaladora. Este seria, agora, o papel da razão (que antes embasava toda a noção de ética): disciplinar e direcionar a paixão. Quando a razão impera sobre a paixão, tem-se rigidez, a tirania da ordem. Quando ocorre o contrário, dominam o delírio da vontade e o hedonismo. Com o equilíbrio entre ambos conceitos, teremos a convivência harmônica da ternura com o vigor e viveremos a plenitude da paixão.
É diante do contexto atual, que o autor chama de “crise mundial de valores”, que a discussão sobre ética e sua compreensão adaptada à nova realidade se faz necessária. A ética estaria na base mais elementar da existência humana, ou seja, na afetividade. Afeto deve ser compreendido como a comunhão com tudo que está ao nosso redor, e seria através da paixão que captaríamos o valor das coisas. E estes valores determinariam quem somos.
Em meio à crise mundial de (bolsas de) valores, e, apesar da sociedade capitalista já ter “adaptado” o antigo “penso, logo existo” para “tenho, logo existo”, o professor Leonardo Boff propõe a digna mudança do discurso e da compreensão do ser humano para “sinto, logo existo”. Resta saber se a sociedade capitalista sequer comprará seus livros.


Rafaela Morais