quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"Ser jornalista é separar o joio do trigo...

... E publicar o joio" - Mark Twain

O que parece acontecer, nos cursos de jornalismo no Brasil, é uma preocupação exacerbada com o respeito ao formato da maioria das notícias que estão na mídia. Ainda que a pirâmide invertida – muito mais comercialmente que ideologicamente – faça sentido, parece haver uma necessidade de garantir que, daquela maneira, os alunos, ao final dos quatro anos, saberão escrever, e, por isso, poderão ser absorvidos pelo mercado.

Na realidade, é frustrante ver como as matérias de maior destaque na história, muitas das ganhadoras de prêmios importantes, não estão escritas dessa forma: ao contrário, ganham pontos por serem mais pessoais, mais subjetivas, mais, portanto, opinativas. Quem decide fazer jornalismo entra na universidade sem sequer imaginar o que acontecerá com a maneira como costuma escrever.

Eu me lembro bem de, antes do meu vestibular para jornalismo, ter lido em uma compilação de reportagens, a matéria de Merriman Smith sobre a morte do presidente Kennedy (ganhadora do Pulitzer de 1964) e pensado: “Seria genial poder contar histórias, no papel, todos os dias, pelo resto da minha vida”. No entanto, quando começamos o curso, somos adestrados a escrever de uma maneira diferente e, hoje, eu jamais seria capaz de escrever algo tão íntimo quanto era aquela matéria que me fez querer ser jornalista.


Nossas idéias já afloram na tal pirâmide invertida (até para contar uma história qualquer, lembro-me sempre que o fundamental é estabelecer “o que, quando, onde, quem, como e por quê” nos primeiros segundos). Além disso, o jornalismo opinativo, nas raras vezes quando é colocado em pauta em sala de aula, é deixado para os experts
. Pensemos: nenhum aluno de jornalismo ousa querer escrever colunas; quem escreve coluna é quem pode fazê-lo, ou seja, quem já está na área há décadas e adquiriu o know how e o status para poder dar sua própria opinião (algo absurdo se visto de uma perspectiva mais estreita, afinal, opinião é o mínimo que possuímos, enquanto seres pensantes).

O que acontece, no entanto, é que, se isso um dia foi verdade (talvez no tempo de universidade de alguns de nossos professores...), hoje, já não é mais. O jornalismo está em um processo de mudança que trará, cada vez mais, a participação da voz do próprio jornalista para uma matéria. Notícia por notícia, podemos ler uma a cada segundo, na internet, contando só os fatos principais; mas seguimos comprando jornais, para saber mais, e comprando revistas, para ir mais fundo nos assuntos que nos interessam.


Com a expansão dos blogs e microblogs, contam, agora, outros elementos além da função de informar, ou o currículo, para que sua opinião valha a pena ser lida. Contam o grau de inovação, de perspicácia, de coragem, entre outros critérios igualmente subjetivos. O curso de jornalismo não está formando profissionais para o mercado atual: está formando jornalistas da velho escola, que, ao entrar no mercado, este de agora, são forçados a iniciar uma nova busca de qualificação, de identidade, de perfil.


Dentro de não muito tempo, se seguirmos assim, o que o curso estará fazendo será desqualificando seus alunos para a profissão de jornalista, enquanto tenta que se atenham a um modelo que já não é nem único (nunca foi, na realidade) nem predominante nos veículos.


Eu, algum dia, sonhei ganhar um Pulitzer (porque sonhar é permitido) com uma reportagem como a de Merriman Smith. Hoje, acho mais fácil sonhar com conseguir voltar no tempo e escolher outro curso, para, então, voltar a sonhar com o Pulitzer. A habilidade que um dia eu achei que tinha, com lápis, papel e idéias, hoje, cedeu lugar para o pseudo-conhecimento jornalístico. Hoje, eu não me sinto nada habilidosa, sinto-me demasiadamente jornalista. E, nos últimos quatro anos, esses termos se tornaram antônimos.


quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Lolita já era.

Como eu mencionei a tal crise da meia idade no post anterior, me peguei pensando nela esses dias. Cheguei à conclusão que, talvez, a crise seja muito mais dos tempos que de qualquer outra coisa.
Pensemos: os casais que, hoje, se separam depois de duradouros casamentos, são aqueles que se fizeram numa época totalmente diferente. E, se a época muda, as pessoas mudam junto com ela, e as relações em consequência dela.

Lá pelos anos 60-70, segundo consta, contava, por exemplo, que as mulheres fossem politizadas, ativistas, destemidas. Essas eram as mulheres "casáveis", as melhores. Os caras, por sua vez, tinham que ser líderes, intelectuais e, de preferência, fugitivos da polícia.

Hoje, claramente, tudo mudou. Pra começar, o que move o mundo não eh mais a busca pela liberdade... O motor desse mundo é qualquer outra coisa (que eu prefiro nem explorar, pra cada um resolver por si). Mas, eh preciso dizer que o que parece não mudar, no entanto, é a cabeca das esposas de antes: pensar, por exemplo, que o fato de ela ser tudo o que ela sempre foi manterá o casamento para sempre, como um dia prometido, eh um erro. As ambições do cara vão mudando, galera. Porque elas vêem isso em tantas outras coisas e colocam o relacionamento separado do resto? Aí, criam o mito da "menininha", da destruidora de lares, que ROUBA o maridão dela. Na verdade, na maioria dos casos, num eh roubo coisíssima nenhuma: o cara tava na prateleira, pedindo pra ser tomado, e eh, por alguém que se interesse. Essa interessada, inclusive, hoje em dia, está muuito distante do perfil "interesseira" que as esposas associam a ela. Como também não eh mais o perfil sexo-estampado-na-cara, ou quando-abre-a-boca-o-povo-corre, que está motivando finais de relacionamentos. As que estão levando os maridões são as mais espertas, desenroladíssimas, articuladas, nem necessariamente as mais bonitas (mas, provavelmente, as bem ajeitadas) e, o principal, as mais simples. "Simples", porque não são chatas, não tem as coisinhas cri-cri da mulher do cara, que fica em casa parece que esperando pra encher o saco dele com o que ele fez ou deixou de fazer. Nos vinte-e-poucos, trinta-e-poucos, importam muito pouco esses detalhes: importa o tempo com o cara ser legal, o cara saber falar contigo, e escutar tuas idéias. O coroa faz isso muito bem (até melhor que o garotão). Ótimo. A novinha num vai se preocupar com a hora que ele chegou ou com se ele tá bebendo muito e falando merda.

Aí, vc quer se ajustar aos novos tempos igual ao cara? Mude. Não junto com o cara, porque, bem, isso seria triste. Mude na paralela do cara. Mude pra você, pra as coisas serem mais simples e, portanto, menos chatas. Aliás, eu espero começar a ver o fenômeno das coroas que procuram os rapazes mais jovens! Por que não? Chegar em casa e ver aquele lanzudão esparramado, vendo jogo de futebol NÃO PODE ser legal. Vamos nos despindo de certos preconceitos, por favor, e abrindo os olhos pro que a gente quer - e merece. Manter relação porque ela já está pronta pode ser fatal. Os caras, evoluídissimos nesse ponto, sabem que estar com alguém eh uma escolha diária, enquanto a mulherada segue achando que só precisou decidir no dia do "sim".

Eu só me lembro muitíssimo de Dolores Duran, em "Fim de caso", traduzindo precisamente o medo feminino do fim de relacionamentos, quando ela diz: "Tenho pensado, e Deus permita que eu esteja errada, mas eu estou, ah, eu estou desconfiada que o nosso caso está na hora de acabar". Aí já acabou faz eh tempo. E Deus num tem mais nada a ver com isso, Ele ficou alí na hora da igreja, qnd vc disse "sim". Aliás, quando um padre me perguntar se eu aceito meu namorado "como legítimo esposo, para amar e adorar pelo resto da minha vida", eu pretendo dizer um "sim" bem sonoro, e esclarer, baixinho, pra ele, que "até amanhã, no mínimo, tá seguro". Daí pra frente, é comigo e com ele. O dia seguinte pode, quem sabe, trazer outra resposta pra essa mesma pergunta. Tanto minha como dele e, pra mim, eh bem assim que deve ser pra garantir muuuito mais que amor: dias tranquilos.

Aí eh a bronca: a mulher em casa, dizendo "mas vc prometeu ficar comigo na alegria e na tristeza" e enchendo o saco na saúde e na doença, e toda uma geração novinha com pensamentos tão mais leves e confortáveis... e povo continua achando que eh o fetiche da Lolita que leva os caras. Eu quase me ofendo! =]


Rafa

Quem sabe faz AHORA.

Tudo começou com um conselho simples.

Rafa diz:

Tem q exercitar NÃO projetar, ou seja, não criar expectativas.
Quando vc consegue, tudo muda.

Aí, veio a grande pergunta: “Como é q faz, hein?!”
E o monólogo:

Rafa diz:
Eh simples: vc trabalha com o mínimo. Por exemplo, vc vai sair hj... Se vc quiser super se divertir, dançar, conhecer gente e pegar alguém legal...vc tah fodida!
NAO PODE sair de casa com essa pretensão. Tem q sair de casa com um ponto único: o meu, geralmente, eh "eu quero estar animada", ou "eu quero q o lugar esteja cheeeio de gente simpática", enfim, uma coisinha só.
Aí, vc joga toda a sua expectativa pra isso. Quando chegar lá, tah animada, quer beber, bebe, quer dançar e dança, quer conhecer gente, conhece... Enfim,vai somando à medida q as coisas forem acontecendo. Pq isso eh a gente tomar o controle do q acontece. Senão a gente se acomoda com pensamentos vazios como "Esse lugar tah tão morgado.. q ruim". Mas NÃO, a culpa NÃO eh do universo!!! Se for de alguém, eh sua. Pq vc queria 500 coisas, projetou, imaginou e, obvio, saiu diferente.
Quando vc toma o controle, tudo passa a acontecer como vc quer. Tu tais lá, para e pensa: "po... tem um menino ali bonitinho...", aí, ao invés de pensar "será q ele vai vir aqui? será q ele tah olhando?", enfim, projetar pra cacete, vc tah LAH, no calor do momento, de repente, já sai pra falar com ele.
O bom de não projetar eh q a pessoa DE FATO aproveita o momento, se deixa levar muuuuito mais fácil pelas vontades. Ou seja, eh uma técnica perigosinha, pra quem eh bobinho... mas pra quem quer tomar controle das coisas e tem cabeça pra lidar com isso, eh genial. Pq eh assim: num culpa o universo, mas ele tb já não eh mais aliado, sabe? Tipo, a pessoa deixa de acreditar em milagre... ou seja, tah ruim? faça algo ou volte pra casa. Num tem essa de "vou sentar um pouquinho pra ver se aparece alguém/algo interessante". NÃO. A vida eh sua, o momento eh aquele: tudo muito rápido. ta ruim? Levanta, vai beber, canta uma música, ri de alguém estranho [sempre divertido]... Enfim, num pára, num pára, num pára... num pára não!

Depois da divagação, o “Adorei!” renovado que faz esse tipo de viagem valer a pena. =)


Rafa

domingo, 9 de agosto de 2009

A teoria do rádio

Numa das conversas de bar mais produtivas da história, o tópico era a estranha forma como meninos decidem: "agora, vou namorar". Para mim, existe um controle supremo da vontade dos rapazes, uma espécie de interruptor com os modos "solteiro" e "namorando", e, de repente, os meninos ativam o modo namorar. O surpreendente, no entanto, é que eles, aí, de fato, namorarão. Namorarão, inclusive com (quase) qualquer mulher, isto é, com alguma que nem é tudo o que eles gostariam. Parece que o que importa, na verdade, é a escolha de namorar, e não a escolha da namorada. Eis que, esclarecedora como dificilmente saem histórias de meninos, a alegoria do rádio me explicou esse fenômeno.

Imagine um menino escutando rádio no seu carro. Ligou, e está tocando, pensemos, axé. Axé ele não curte. O IDEAL seria que tivesse Beatles em alguma estação, mas ele sabe que isso é difícil. Começa a mudar de estação, pra ver as opções. Passa por forró, algum pagode, brega-baixo-nível, reggae, sertanejo, techno... De repente, tem Lenine em alguma freqüência. É, Lenine não é o ideal, não é o que ele queria, certamente não é Beatles, maaaaass, a verdade é que ele já está cansado de mudar de estação. Cansou, quer parar um pouco, aproveitar o tempo escutando uma música inteira, sabe? E Lenine não é dos piores, né? É, aliás, bastante aceitável. Parar em axé, forró, pagode, seria demais pra ele... Mas Lenine dá pro que ele quer.

Pronto. Meninos escolhem namoradas assim: querem parar um pouco a putaria insana, que, no começo é sempre genial, mas vai ficando cansativa com o tempo, e aproveitar um pouco da tranquilidade que um relacionamento pode oferecer. Aí, como é difícil aparecer uma menina-Beatles, principalmente assim na hora que ele decidir, com o interruptor ligado no modo namorar, ficarão com as Lenines que apareçam (que não são das piores, mas também não são as ideais).

Reconfortante, por um lado. Todas tem chance, não é? Eu diria, até, democrático. Por outro, no entanto, a escolha pode ter muito menos a ver com você do que com o momento dele. E isso pode trazer alguns riscos no futuro. Por exemplo: eu me pergunto se não seria por isso que homens casam, tem filhos, vivem alguns anos, e vem a famosa crise da meia idade. Afinal, ele num casou porque gostava da menina, nem porque achava que poderia conviver bem com ela, casou porque estava na hora de casar. Daí, volta a necessidade da putaria intensa, seguida pela volta da necessidade de procurar uma Beatles. Provavelmente, cansarão da procura outra vez e ficarão, nessa fase, com qualquer Babado Novo.


Rafa

Sabedoria popular 24h/7dias

Para o contra-ataque: A bom gato, bom rato
Para a humildade: A perna não faz o que o joelho quer.
Para o cuidado: Falar sem pensar é atirar sem apontar.
Para a sorte: Mais anda quem tem bom vento do que quem muito rema.
Para a perspicácia: Para bom entendedor, um risco quer dizer Francisco.
Para o respeito: A concha é que sabe o calor da panela.
Para a injustiça: Briga o mar com a praia, quem paga é o caranguejo.
Para a amizade: Além ou aquém, veja sempre com quem.
Para a sabedoria: O maior prazer de um homem inteligente é bancar um idiota na frente de um idiota que banca um homem inteligente.
Para a auto-suficiência: Passarinho que come pedra sabe o cú que tem.
Para o ceticismo: Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas.
Para a pressa: Nem por muito madrugar amanhece mais cedo.
Para o improviso: Quem não tem cão caça latindo.
Para a inércia: Quem não arrisca, não se lixa.
Para a mediocridade: Felicidade é ter uma TV grande e um sonho pequeno.
Para a vingança: O remédio de um doido é outro na porta.
Para a prudência: Falar é prata, calar é ouro.
Para a esperteza: O importante não é saber, mas ter o telefone de quem sabe.
Para a privacidade: Amigos, amigos, senhas à parte.
Para o improviso: Para quem está se afogando, jacaré é tronco.
Para a determinação: Quando um num quer, o outro insiste.



Rafa

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Vai uma bolsa nova, amiga?

Muitas das minhas amigas estão namorando. Comparando posturas, num dia de vinho e papo solto, chegamos à teoria abaixo.

Namorar é como comprar uma bolsa caríssima. Uma Louis Vuitton. Você só gasta dois mil reais num bolsa, se ela for incrível. Apenas se você achar que você nunca encontrará uma bolsa tão perfeita. Somente se você achar que não pode viver sem aquela bolsa (aliás, tem muita gente que pesa custo-benefício e nem sequer investe no sonho).

Você passeia, paquera com a bolsa vários dias, vai em outras lojas e termina sempre parando naquela vitrine. Aquela bolsa tem seu nome escrito nela. Você pensa em todas as razões para não comprá-la, escuta suas amigas, sua mãe, umas companheiras de trabalho, expõe o caso para algumas pessoas e todos te dizem sempre o mesmo: se você gostou mesmo dela, invista. Pronto, você volta lá na loja e compra a danada da bolsa. Sai satisfeitíssima, pensando que você nunca vai precisar de outra bolsa na sua vida: aquela dali vale o esforço para tê-la.

Você abusa da bolsa nos primeiros dias, anda com ela para todo canto, mostra para todo mundo, escuta inúmeras vezes como ela é perfeita para você e blablabla. Vai passando o tempo, a bolsa continua linda, maravilhosa, perfeita, mas você tem andado com vontade de ir ao shopping outra vez: uma vontade de abraçar aquele impulso da compra, do primeiro dia com algo novo, das primeiras semanas, de mostrar pras pessoas... enfim, aqui entra uma grande diferença entre nós, mulheres, que notamos nas conversas:

- Existem aquelas que jamais passarão perto de uma loja outra vez: decididas, pensam que, se a bolsa que elas tem jamais será superada, para que procurar?
- Existem aquelas outras que, shopaholics a vida inteira, mooooorrem de vontade de comprar outras bolsinhas, todos os dias. Podem até criar uma certa aversão àquela LV, que a impede [mesmo depois de tanto tempo, afinal, o investimento foi alto!] de sentir o gostinho de comprar outra vez. Sentem falta da sensação, muito mais que do item novo.
- Tem aquelas que nunca tem vontade de comprar nada, mas, vez por outra, vêem uma bolsa tão baratinha que ficam tentadas. Se vêem diante da decisão de comprar uma bolsinha qualquer, usar um dia ou dois, tirar todo proveito disso, e voltar para a perfeita, ou se convencer de que não há a menor necessidade de gastar ainda mais dinheiro quando você pode sair com a sua bolsa ideal.
- Por fim, existem aquelas que não se contentam: a LV vale a pena, claro, mas sempre pode existir uma bolsa mais a cara dela, então, há que seguir buscando. Não uma bolsinha qualquer, mas vai que um dia aparece uma que a apetece ainda mais que a que ela já tem?

Aí, você vejam, meninos, como somos simples. O que vocês precisam, na verdade, é escutar o que dizemos sobre nossas comprinhas, para não acabar ignorando uma bolsa novinha em nossos armários.



Rafa

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Seu tipo de menino.

O danado
O homem desta categoria não tem real interesse em entender as mulheres, ou real apreciação pelo modus operandi feminino. No entanto, é aquele que se mostra encantadoramente interessado em nossas vidas e nossas idéias: quer saber tudo e usará tudo o que descobrir na conquista e no relacionamento. Ele não aprecia as mulheres em si, mas o que elas tem a oferecer (se é que você me entende).
São bastante claros, inclusive, com relação aos seus interesses: se querem tal menina, jogam as cartas na mesa e frequentemente ganham pontos por isso (ainda que essas cartas envolvam blefes do tipo “eu queria que você fosse a mãe dos meus filhos”). São os melhores conquistadores, sabem o que dizer, o que fazer, como chegar e como fazer charme. Nos relacionamentos, não cometem um erro duas vezes: se a menina gosta de falar ao telefone, ele o fará, não porque entende ou gosta disso, mas porque sabe que não fazê-lo pode lhe trazer mais problemas que tal esforço.
No dia-a-dia, exigem pouco da mulher, são espertos e trabalham bem com fatores como atenção, família e futuro – para muitas mulheres, um pacote “ideal”. Se resolver trair, não se preocupe: você não descobrirá. Ele negará até o último dia (não do relacionamento, mas da vida dele) e lhe tratará tão bem que você achará, inclusive, que ele está cada dia mais próximo do altar.
Danados dificilmente acabam relacionamentos. Eles se afastam, dão todos os outros sinais e fazem com que a mulher “perceba” que o relacionamento não está mais dando certo. Ele “faria tudo para não vê-la sofrer” – na verdade, para não ficar numa situação incômoda e poder sair do relacionamento dizendo: “mas um dia a gente pode se reencontrar” ou “você sempre será a mulher da minha vida”. O homem da sua vida, no entanto, depois de cinco minutos, estará tomando todas com os amigos que já sabiam do plano desde a semana anterior.


O deficiente
Este é o tipo que tem boas intenções, na maioria das vezes. Curte as meninas pelo que elas são, mas não consegue entendê-las ou não sabe fazer certos movimentos: em outras palavras, não são bons estrategistas.
Frequentemente, nos ganham pelo esforço, que os faz, digamos, adoráveis. Não são mestres na arte da sedução, até desistem, com alguma freqüência, mas não se frustram, abstraem - afinal (vale lembrar), são homens.
Cometem erros que diremos a nossas amigas que são “básicos”, como dizer a coisa errada na hora mais imprópria (e depois se pegam sem entender o que causou a raiva da outra pessoa), como falar da ex-namorada com uma naturalidade que, na mente feminina, só pode significar que ele ainda gosta dela, ou não agir quando deveria perceber que era hora de avançar (naqueles momentos em que a menina pensará: "porque ele num me pega logo, hein?"). Diagnosticá-lo é muito simples: pergunte “eu to gorda?”. Não se preocupe com a resposta (escolha um dia bem distante de sua TPM), e olhe bem para ele enquanto pergunta. Se ele responder “não”, quando você não tiver, sequer, terminado a pergunta, procure outra classe para ele. Se ele lhe olhar, de repente mandar você dar uma voltinha (nessa hora, você pode sentir uma vontade de chorar, ou bater nele, mas lembre-se que isto é apenas um experimento, não leve para o lado pessoal), releia essa categoria, porque você está lidando com um deficiente (homens um tanto mais “rápidos”, digamos assim, tem certeza de que hesitar não é uma opção para essa pergunta, cuja resposta deverá ser um reflexo – independente da realidade).


Os lésbicos
Lésbicos são mulheres na alma: pensam como mulher, agem como mulher, tem valores femininos e uma sensibilidade muito mais frequentemente associada a mulheres. Poderiam facilmente ser gays, mas, por ironia cósmica, gostam de mulheres. Daí, então, o termo "lésbicos".
São uma incógnita no quesito "evolução da espécie": talvez por serem mais seletivos se tornam mais carentes, ou se tornam mais seletivos exatamente por suportarem mais o estado de estar carente. A realidade é que são os que namoram com mais facilidade e, geralmente, tem relacionamentos longos. Isso porque, na teoria, são tudo o que uma mulher quer: sensíveis, delicados, compreensivos, carinhosos, que escutam, cozinham, fazem poesia, etc. Na prática, podem se tornar um desafio, porque podem vir a ser tudo o que constitui o pior pesadelo dos homens com relação às mulheres: sentimentais demais, dependentes, encrenqueiros, inseguros... e, aí, "haja saco", pensariam os meninos.
Lésbicos são os que perguntam, espontaneamente, “amor, como foi o seu dia?”, os que ligam porque gostam de falar no telefone, e não porque a mulher pode reclamar que eles não se importam nem dão atenção, os únicos que fazem perguntas do tipo: “o que você tá pensando?”. Os únicos que iniciam e parecem curtir a tal da D.R. São, também, os únicos que lembram to-dos os detalhes da última conversa, e podem começar discussões com: "Lembra que ontem você disse tal coisa? Eu fiquei meio chateado..."
Lésbicos, aliás, agem como mulheres também quando estão solteiros. Já notou que mulher, quando termina um relacionamento, ou está sem ter muito o que fazer, trabalhando pouco, meio entediada, cai na farra? Esses meninos também. Terão seus momentos de aventuras na solteirice – assim como as mulheres: muitos amigos, saídas todos os dias, cachaça sempre, dançando nos palcos, muitas fotos da diversão no orkut. Isso, no entanto, não faz deles danados: começou um relacionamento, tudo fica sério e intenso outra vez.
São o tipo mais fácil de ser reconhecido, porque destoam tanto da maioria, como da idéia associada a “homem”, ainda hoje.


O homem-puta
A ultima categoria é essa que chamamos (sempre carinhosamente) de homens-puta: esses não tem critério algum na hora de escolher com quem ficar, pegam toda e qualquer menina que lhes der bola. Não são suficientemente profissionais para serem "danados", visto que cometem erros amadores no processo (e, por vezes, repetidamente), como, por exemplo, já ter ficado com várias de suas amigas, ou, no mínimo, dado em cima de todas elas; nem são tão inocentes quanto os deficientes, que, apesar de quererem, tem pudores para se apresentar; nem são seletivos, como os lésbicos, que tem esse traço feminino de (aparentar) escolher criteriosamente.
Trabalham muito bem com o fator "momento": a diferença entre o total repúdio a um puta e um "hoje, podia até ser..." é apenas um pulinho (e uma vodkinha). Como arriscam sempre, as chances são que, um dia, consigam algo com quem quer que seja.
O homem-puta é diversão garantida: se você estiver nesses dias para baixo, se sentindo mal com você, use sempre o número do celular dele como receita médica. Se ele, por acaso, ligar no dia seguinte, você terá suas razões (que ele compreenderá, porque a necessidade dele, na verdade, é a de tentar, muito mais do que a de ficar com você outra vez) para dizer que precisa trabalhar e que outro dia vocês se encontrarão. Para ele, acredite, bastará a possibilidade. Desta próxima vez, ele já deverá ter conseguido mais algumas de suas amigas - mas, namorando, ele, dificilmente, estará.
Lembrando que aquelas com maior sensibilidade aos componentes da fórmula do homem-puta devem usá-lo com moderação.



Rafa.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Meninos, vocês podem!

Eu acho muito válido que meninos saibam, por uma menina, que não existe mulher não-pegável. Queridos, tudo, conosco, é uma questão de momento: tentem, tentem sempre; um dia, vocês podem conseguir.
Mulher, quando diz que "não", na verdade, quer dizer "hoje não". Aí entram vários fatores: tá namorando, tá apaixonada, vai viajar, vai voltar, tá com TPM, num curtiu algo que você fez/disse ontem, etc. Excluído o fator que motiva o "não", voltamos ao zero, ou seja, você volta a ser uma possibilidade.

Somando-se a esse zero um momento mais vulnerável (novamente, motivado por vários fatores: acabou o namoro, o cara que ela queria começou a namorar, vai viajar, vai voltar, gostou de algo que você disse/fez ontem, etc), você leva. Nós sempre nos lembraremos que você é uma possibilidade: cabe a você não desistir jamais – para manter esse pensamento em nossas cabeças.

Queria Gisele Bündchen? Tenta aparecer no dia que for pro brejo o namoro dela com o jogador lá porque ele foi, por exemplo, muito grosso com ela, sendo um perfeito cavalheiro e emprestando um ombro e um ouvido para a moça. Pode pegar. Não é 100%, vai. Mas a possibilidade já é meio caminho andado, afinal, vocês não tão perdendo nada, não é verdade?

Vinícius dizia: “A hora do sim é o descuido do não”. Casou nove vezes... Fica a dica ;)


Rafa

segunda-feira, 30 de março de 2009

Musicologia

As melhores descrições de mulheres, por elas mesmas ou não,
na minha playlist esses dias são:

1.
Toda mulher é meio Leila Diniz.

2.
Meu peito não é de silicone...
Sou mais macho que muito homem.

3.

She's the kind of girl you want so much
it makes you sorry...
Still you don't regret a single day.

[Ela é o tipo de menina que você quer tanto
que te faz lamentar...
Ainda assim, vc não se arrepende nenhum dia]


4.
Suele ser violenta y tierna
no habla de uniones eternas,
mas se entrega cual si hubiera
sólo un día para amar.

5.
Cecilia busca amores imposibles,
por eso fue posible nuestro amor
Cecilia, tan altiva y tan sensible,
tan diva y tan de nadie como yo.

6.
Ai, como essa moça é distraída
Sabe lá se está vestida
ou se dorme transparente
Ela sabe muito bem que quando adormece
está roubando o sono de outra gente.

7.

She never mentions the word addiction
in certain companies
She'll tell you she's an orphan
after you meet her family

[Ela nunca menciona a palavra vício
com certas companhias
Ela te dirá que é orfã
depois que vc conhecer a família dela]


8.

Y aunque sé
que no era la más guapa del mundo
Juro que era
más guapa que cualquiera.

9.
She doesn't care
whether or not he's an island.
She doesn't care,
just as long as his ship's coming in.

[Ela não se importa
se ele é ou não uma ilha.
Ela não se importa,
contanto que o navio dele esteja entrando]


10.
I've got 3 cupboards for my shoes
And a mirror that always tells the truth
I've got clothes in case it's hot, clothes for when it's cold
But still I don't know what to wear, what to wear tonight.

[Eu tenho 3 armários para os meus sapatos
E um espelho que sempre diz a verdade
Eu tenho roupas para caso esteja quente, roupas para quando faz frio
Ainda assim eu não sei o que vestir, o que vestir esta noite]



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Rafa

segunda-feira, 16 de março de 2009

E agora, José?

.
Era só o que faltava, José, para mostrar ao mundo que estavas errado, tremendamente errado! Não bastasse o óbvio, o clamor de todos os pernambucanos, recebeste, José, um bem aplicado puxão de orelhas!

Atropelastes a razão, a lógica, o bom senso e a confiança que deveria surgir entre os membros da igreja e seu administrador. Fizeste o que ninguém “antes na história” (como é bom entregar as pessoas às feras...) fez: levantar o estandarte da verdade, da pureza, da inocência e só Deus sabe mais o que, para invocar a ordem divina de excomungar, quase que urbi et orbi, as pessoas que defenderam o direito à vida de uma criança de nove anos (José, lembras de quando tinhas nove anos?), atirando sua metralhadora 360 graus, atingindo a mãe, os médicos e quem mais estivesse solidário neste ato de compaixão.

Compaixão, José, uma palavra que tu não conheceste. E se conheceste, com certeza esqueceste!

A tua história, José, é permeada de tristeza. A igreja que dizes representar não é a Igreja que conheci. Os teus valores não são os valores da verdadeira Igreja, a Igreja do Dom, ele sim, o Dom da verdade e da misericórdia. O Dom da participação, da doação, do amor ao próximo. Coisas que não aprendeste, José, e que não são do teu feitio. Mais importante para ti, José, é cultivar o ódio, a perseguição, relembrando a gloriosa (para ti!) inquisição!

Só Deus sabe (o Deus de todos, José, não o teu Deus vingativo e cruel) o que fizeste de mal a essa terra pernambucana onde esteve por longos anos o Dom (aí, José, vem a diferença: quando se fala no Dom não é o José, mas sim o Helder), aquele que a grande maioria da população do Recife chama “o Dom”! E só tem ele esse respeito!

Chegaste imposto, goela adentro, empurraste o Dom para o ostracismo (tentaste, que desastre!), pensando que as tuas ovelhas pastariam calmas e acomodadas sob o teu bastão de pastor. Mas quem diria: tuas ovelhas, que não eram tuas, triste ilusão, reprimidas, sufocadas, ameaçaram uivar como lobos em protesto por tamanha repressão.

E agora, José? Chegaste com todo o gás, expulsaste padres que eram amados pela comunidade, fizeste outros padres se ajoelhar aos teus pés e pedir perdão (só Deus sabe por que perdão) e culminas tua carreira com uma violência sem par, com a truculência da excomunhão de todos que participaram do ato honesto, sério, responsável, de salvar a pobre garota de nove anos.

E aí, José, por mais que digas que és o representante da Igreja, portanto o representante de Deus, vem a pergunta que não quer calar: representante de que igreja, representante de que Deus? O teu Deus será tão rancoroso quanto és? O teu Deus é tão vingativo e cruel como és?

José, leias o que escreveu hoje o Cardeal Fisichela sobre a tenebrosa ação que tomaste ao excomungar a mãe e os médicos que salvaram a vida de uma criança. José, por que não excomungaste o estuprador? Onde encontraste na história esta máxima de que “ao estuprador tudo, a estuprada a sorte”?

José, é hora de se recolher. Os anos passaram, séculos passaram, já não ardem mais as brasas da inquisição, por mais que gostes. Completaste o teu ciclo de perseguição e de ódio. As ovelhas da igreja que dizes representar estão perplexas, atônitas, em breve estarão uivando de horror, quando deveriam estar balindo de alegria. E José, terás o terror de ver suas ovelhas a uivar, em protesto ao pastor que não consegue nem se sustentar no seu cajado!

E agora, José? O que diria o poeta autor desta frase? A vida caminha José, mas a tua história deveria ser esquecida, deveríamos voltar no tempo e receber o consolo moral, ético e religioso do Dom, o verdadeiro Dom, aquele que varreste da tua arquidiocese!

José, pára José! Já não basta o que fizeste até hoje? Teus padres que foram expulsos, ultrajados, humilhados perante seus fies, varreste tudo que havia de progressista na igreja de Pernambuco!

Tuas ovelhas se sentem violentadas, estupradas (sim, José, aquilo que perdoaste ao estuprador...) e desterradas sob a tua “administração”. Tua igreja não é a Igreja que as ovelhas querem.

Vai, José. Recolhe os teus restos, o que entendes por honra, por migalhas de sobriedade e honradez que talvez encontres pelo chão, afinal recebestes muitos convidados no teu palácio, e segues no caminho do desaparecimento.

Recua, José, recolhe-te!

Vá de retro, José!

Descansa em paz!


Em Tempo:

José:

Tenho uma série de títulos no meu currículo que me fazem hoje um homem realizado, mas gostaria enormemente de ter também o título de excomungado por ti! Isso seria talvez a minha maior glória, o meu maior orgulho! Vindo de ti, é pura honraria!


Wladimir Morais
Engenheiro, consultor
Batizado, crismado, decepcionado.

Como fundar a ética hoje?



O professor e escritor Leonardo Boff, em seu artigo “Como fundar a ética hoje”, reconstrói o conceito de ética que conhecemos. Para o autor, a ética estaria baseada na paixão – e não na razão, como aprendemos – traduzida na conjugação da ternura com o vigor. Ele apresenta os papéis de cada um dos termos: a ternura significa o amor ao outro, o cuidado com as pessoas queridas; o vigor seria a contenção sem intolerância. Só com a interação equilibrada destes dois elementos as contradições humanas estariam unidas e se fortaleceriam.
O escritor alerta que, sem margens, a paixão pode ser avassaladora. Este seria, agora, o papel da razão (que antes embasava toda a noção de ética): disciplinar e direcionar a paixão. Quando a razão impera sobre a paixão, tem-se rigidez, a tirania da ordem. Quando ocorre o contrário, dominam o delírio da vontade e o hedonismo. Com o equilíbrio entre ambos conceitos, teremos a convivência harmônica da ternura com o vigor e viveremos a plenitude da paixão.
É diante do contexto atual, que o autor chama de “crise mundial de valores”, que a discussão sobre ética e sua compreensão adaptada à nova realidade se faz necessária. A ética estaria na base mais elementar da existência humana, ou seja, na afetividade. Afeto deve ser compreendido como a comunhão com tudo que está ao nosso redor, e seria através da paixão que captaríamos o valor das coisas. E estes valores determinariam quem somos.
Em meio à crise mundial de (bolsas de) valores, e, apesar da sociedade capitalista já ter “adaptado” o antigo “penso, logo existo” para “tenho, logo existo”, o professor Leonardo Boff propõe a digna mudança do discurso e da compreensão do ser humano para “sinto, logo existo”. Resta saber se a sociedade capitalista sequer comprará seus livros.


Rafaela Morais